Em Breaking Bad, a transformação de Walter White de um professor de química submisso em um narcotraficante implacável é uma das jornadas mais fascinantes da televisão. Mas quando exatamente ele 'quebrou ruim'? A resposta não é tão simples quanto parece.
A Ilusão da Escolha Racional
Muitos apontam para o episódio 'Full Measure' (3x13), quando Walt permite que Jesse mate Gale para salvar sua própria pele, como o momento definitivo. Outros citam 'Face Off' (4x13), com o icônico 'Eu sou o perigo'. Mas a verdade é mais sutil: Walter nunca 'quebrou' — ele sempre foi assim. Sua transformação é a revelação gradual de quem ele sempre foi, um egoísta disfarçado de vítima.
A Filosofia por Trás da Máscara
Walter White é o arquétipo do 'homem que se recusa a morrer insignificante', um conceito nietzschiano. Sua queda não é uma quebra, mas uma libertação. Como o Homero de Odisseia ou o Michael Corleone de O Poderoso Chefão, Walt não muda — ele simplesmente para de mentir para si mesmo. A cena em que ele confessa para Skyler ('Eu gostei. Eu era bom nisso.') não é um momento de ruptura, mas de honestidade tardia.
Conclusão: O Mal Não é um Evento, É um Processo
Walter White não 'quebrou ruim' em um momento específico. Sua jornada nos ensina que o mal raramente é uma escolha consciente, mas o acúmulo de pequenas justificativas. Como diz o provérbio: 'Ninguém se torna vilão da noite para o dia — eles apenas param de se virar para a luz.' E nisso, Walt é mais assustador que qualquer supervilão: ele é humano.
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